quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

O Corvo

Um corvo voou sobre a seara de trigo. No seu bater de asas calmo e seco, tudo observou e continuou no seu percurso certeiro e sereno, como um tigre para atacar, mas não havia presa. Curioso quando a presa e o predador são o mesmo e se caçam um ao outro sabendo caçarem-se a si próprios. Curioso quando a caça é lenta e eficaz, mas nenhum vive em vez do outro. Em vez disso, vivem os dois tentando-se matar e esperando que o outro sobreviva, sabendo dependerem um do outro para viver.
O Corvo continua a voar sobre a seara e sabe que não deve descer. O vento faz ondular as pequenas chispas que aparentemente sem vontade se movem. O Corvo sabe para onde vai. O corvo segue para o horizonte, onde acabam as searas e começa o céu.

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