domingo, 31 de janeiro de 2010

A Menina Nambam II/III

Hoje voltei a ver a menina dos olhos Nambam. Hoje ela tinha cerca de 30 anos mais que há 2 semanas. O encanto continuava lá. Ai os olhos Nambam! Não tive coragem de lhes perguntar o nome da menina, agora senhora.. Apenas fiquei a contemplá-los como dantes. Desta vez não viajámos no espaço e tempo. Ficámos no momento a contemplar o que havia a contemplar nesta nossa relação e no que a envolve.
De novo um sítio público. O mesmo sítio público, a horas diferentes e aparentemente em épocas diferentes. Eu com a mesma idade, ela agora com idade para ser minha mãe. O nosso namoro ficou condenado, pelo menos por agora.. Quem sabe um dia eu vou poder conhecer de novo a Menina Nambam e talvez tudo funcione de uma forma diferente. Talvez o nosso amor seja possível de concretizar. Mas quem sabe o que O Grande pretende? Talvez o nosso amor deva permanecer no mundo triangular da alma. Talvez deva permanecer assim puro e intocável como desde que me lembro.
Não peço para a rever. Peço apenas que o tempo não pare e continue ritmado e direccionado. Sei que nos veremos. Sei que a vou amar e que o nosso amor continuará como sempre: harmónico como uma orquestra que inocente e capaz toca a mais bela sinfonia. O tempo virá.

sábado, 16 de janeiro de 2010

A Menina Nambam I/III

Então olhei em frente e vi-os. Vi os olhos que nunca esqueci. Eram olhos de Nambam, amendoados e Negros. Olhos que me fitavam doce e inseguramente, como se reflectissem a alma e tivessem medo de mostrar, como os de uma criança não têm.
Foi com a Menina dos Olhos Nambam que eu tive o meu primeiro e único casamento. Foi naqueles 20 segundos que eu conheci Machu Pichu e as Grandes Pirâmides de Gizé, tudo de mão dada como se ainda fossemos crianças e não houvesse nada que se pudesse opor ao nosso Amor. Porquê a nós? Porquê ao nosso puro e ingénuo Amor Nambam?
Tantas vidas, tantas memórias com a Menina Nambam. Passeámos de mão dada por praias a descobrir, arrancámos mangas das árvores como pequenos símios. Vimos as catedrais flamejantes e a magia dos vitrais. Vivemos tanto!
Nestes olhos vi todo o Universo. Vi o planeta verde de Órion, li o livro de Dzyan e estive nos subterrâneos da Cidade Proibida e da Esfinge.
Tanta sabedoria e magia nos mesmos olhos! Que nem ondina, mirava-me. E felina como um Angorá, falava-me sem nada de mexer.
Por um instante, envergonhou-se, desviou o olhar, assustou-se. Eu continuei a contemplar o mundo sem os seus olhos e tudo ficava baço, físico, dantesco. Então vi de novo dois olhos grandes e amendoados na minha direcção e de novo hipnotizei.
O tempo parou. A princesinha Nambam desapareceu! Sem sorrir! Sem olhar por cima do ombro! Mas antes de o meu coração cumprir a revolta de se implodir, algo lhe tocou e ouvi soar:

'Eterno e omnipresente, em todos os oceanos, em toda a Vida, e em toda a Morte. Está em todos e os percursores somos nós. Eros é o irmão de Hipnos. Te visitarei!'

Ainda não desisti. Sei que ela me observa, a menina dos olhos cor de ónix, e continuo à espera do dia em que nos nossos caminhos se cruzem novamente e, por mais vinte segundos, eu possa ver os olhos nambam e talvez perguntar-lhes o nome da Princesa que os usa.